PROCESSOS SUMÁRIOS
São processos sumários
que nos levam aos quartos
Há uma espécie de pendor oblíquo
das ruas, sequências de aguaceiros
grandes calmas, o que nos cerca
quando o dia cai inteiro
Esqueceremos o nome mais antigo
apagamo-lo dentro do lugar, regressa
com as luzes, alguém assim o traz
falando de outra coisa
Tudo existe em flagrante
estamos à janela e vemo-nos
chegar, súbitas travagens
ambulâncias, apitos que chamam
do mar muito em criança
Escolheremos o sítio para a mesa
os breves desenhos entre cadeiras
questão de começar os inventários
saber do que insiste nas paredes
se música dos céus, rumor dos
canos, apenas o modo como
o mundo se avaria
Em todo o caso, cuidaremos desse leito
da dobra fria dos lençóis, difícil
a posição das mãos, a travessia
para o demasiado sono
jmts
que nos levam aos quartos
Há uma espécie de pendor oblíquo
das ruas, sequências de aguaceiros
grandes calmas, o que nos cerca
quando o dia cai inteiro
Esqueceremos o nome mais antigo
apagamo-lo dentro do lugar, regressa
com as luzes, alguém assim o traz
falando de outra coisa
Tudo existe em flagrante
estamos à janela e vemo-nos
chegar, súbitas travagens
ambulâncias, apitos que chamam
do mar muito em criança
Escolheremos o sítio para a mesa
os breves desenhos entre cadeiras
questão de começar os inventários
saber do que insiste nas paredes
se música dos céus, rumor dos
canos, apenas o modo como
o mundo se avaria
Em todo o caso, cuidaremos desse leito
da dobra fria dos lençóis, difícil
a posição das mãos, a travessia
para o demasiado sono
jmts
publicado em Quarto de Hóspedes
volume colectivo, Língua Morta, 2013 (aqui)
Emma McNally
visto aqui
2 comentários:
Um poema a falar da morte(?) sem qualquer complacência...
Também considero um "processo sumário" essa "travessia
para o demasiado sono"
Gostei do poema, que li e reli para o entender melhor. Será que consegui?
Um abraço.
Não sei se sou a pessoa adequada para falar disto...É também, decerto, um poema sobre a morte (e os versos finais apontarão para aí), que é uma questão da vida, da sua habitação e da busca do sentido que possa ter, de que o texto também falará- digo eu...
Mas, se funcionar, o poema sabe mais do que eu, embora tenha trabalhado muito nele. Um abraço.
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