teorias portáteis sobre poesia
TEORIA DA POESIA: parêntesis de parêntesis ou o feitiço contra o feiticeiro
No título a alusão ao belíssimo livro de Carlos de Oliveira. Esta etiqueta recobrirá efémeros pensamentos pessoais sobre poesia, num dia em que o autor do blogue se ache mais inspirado, ou justamente menos, talvez apenas mais pachorrento, para recordar a versão pacífica de um verso célebre. Ou recolhe-se então, a propósito, uma citação teórica, um poema ou excerto narrativo alheios, tudo o mais.
É também uma homenagem distante a um professor de Teoria da Literatura, Américo Santos, a quem muito admirava por um saber que queria sobretudo inquietar (assistente de um outro professor que também não esqueço, José Augusto Seabra, ambos absurdamente já distantes do mundo onde estamos). Ensinava ele que nesse livro de prosas estavam sugeridas, exemplificadas ou consagradas todas as grandes questões de uma teoria da literatura (dizia: podem daqui nascer infinitos ensaios sobre a vida dos livros).
Permita-se uma primeira intuição sobre o tema que aqui nos ocupará: uma teoria da poesia talvez se traduza apenas em parêntesis como estes, parêntesis que sempre se abrem noutros parêntesis, algo que vai avançando, mas tudo suspendendo e a tudo regressando. Sim, e talvez se vire o feitiço contra o feiticeiro, manipulando matérias facilmente inflamáveis.
O Aprendiz de Feiticeiro- um livro que, se pudesse, mandava encadernar com uma capa sóbria de pele natural, para proteger os grafismos de Lima de Freitas e as fotografias de Augusto Cabrita, mas haveria nela desenhos extravagantes embutidos, labirintos lavrados a fogo.
J.M.T.S.
Carlos de Oliveira, O Aprendiz de Feiticeiro (com fotografias de Augusto Cabrita),
publicações dom quixote, 1971
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