ela decide responder-lhe
Há uma mulher que espera, com as mãos cruzadas no ventre.
Olha pela janela do enorme edifício, uma fábrica de silêncios e ecos, a
manhã avança, é como se escutasse o rumor do mundo, os silvos da sua
rotação. Ela vê as ramagens em sobressalto, está à espera em frente do
vidro e decifra as gotas de chuva. Batem as portadas, aqui e acolá,
pensa nos pescadores que estão longe e sofrem no mar, nos que se abrigam
entre as torres antigas da sua cidade, nos que vão pelos arrabaldes
lamacentos. Acaricia distraidamente o ventre, descobre na distância um
vulto que está também à janela, um rapaz que olha a tempestade, o mundo
inteiro que nasce para os seus olhos. Ele acena-lhe longamente, por
entre os riscos do dia, ela decide responder-lhe.
Sem comentários:
Enviar um comentário