fiama hasse pais brandão / in As Fábulas, Quasi Edições, 2002
DA PORTA DE UM POBRE PARAÍSO
A porta entre o jardim e a casa
geme como uma ave insólita
no meu tão parco ouvido.
Mas se uma ave a si mesmo a compara,
sim, ela canta, aviltando ou louvando,
e com a a alegria nas pupilas vivas *.
*Dante, Paraíso, II, 144
DA VERDADE
Eu levava nos braços o meu filho,
nascido há pouco, desconhecido.
Havia uma luz forte nas ruas,
havia risos, vozes chamavam nomes.
Então, além da esquina veio a mulher,
com o vestido preto, com o seu nada:
desconhecido filho, na casa mortuária.
(Acontecido em Maio de 1969)
MADRESSILVAS E TÍLIAS
A uma janela assoma
a clara madressilva;
a outra, as leves, verdes
folhas da tília.
Disputam o meu olhar.
Numa hora lutam
com varas de penumbra.
Noutra, ferem-se em tudo
o que cintila. E no fulgor
nocturno entram nos quartos,
vencendo a negra luz
que avança para os meus olhos.
Ines Seidel, in between
imagem vista aqui
1 comentário:
A Fiama está na minha estante de poesia. E gosto muito...
Beijo.
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