o ar entre as folhas
JMTS
série o ar entre as folhas aqui
poesia . fotografia . & etc.
Talvez o mundo não seja pequeno / Nem seja a vida um fato consumado . Chico Buarque de Hollanda, com Gilberto Gil
segunda-feira, 29 de setembro de 2014
sábado, 20 de setembro de 2014
processos sumários
jmts
NIAGARA
[Bert Stern, The Last Sitting, Marilyn]
[Bert Stern, The Last Sitting, Marilyn]
Recuso esta imagem, faz lembrar
o quarto sossegado sobre a catarata
luz, abismo, os olhos presos
Seria isso um filme, os pássaros
despertavam muito cedo, uma cena
perfeita abandonada na versão final
Repetiam-se os sonhos, havia impermeáveis
de amarelo vivo entre as cordas de água
e sobravam sapatos alinhados nos cacifos
Só para que o corpo caísse lento
e elegante, de pedra em pedra
até ao derradeiro esparrinhar
Estava depois escrito o nome fim
Recuso-a com um dedo de sangue
se tudo é apenas a nudez mais despida
pronta para o tacto e as inocentes pisaduras
Sei que acham bela a gravidade
dos seios que começam a pender
o aproximar das pernas unidas
no ponto onde acaba o retrato
Adereços que daqui a pouco
digamos, seis semanas
se vão desvanecer
deixando alguma espuma
o quarto sossegado sobre a catarata
luz, abismo, os olhos presos
Seria isso um filme, os pássaros
despertavam muito cedo, uma cena
perfeita abandonada na versão final
Repetiam-se os sonhos, havia impermeáveis
de amarelo vivo entre as cordas de água
e sobravam sapatos alinhados nos cacifos
Só para que o corpo caísse lento
e elegante, de pedra em pedra
até ao derradeiro esparrinhar
Estava depois escrito o nome fim
Recuso-a com um dedo de sangue
se tudo é apenas a nudez mais despida
pronta para o tacto e as inocentes pisaduras
Sei que acham bela a gravidade
dos seios que começam a pender
o aproximar das pernas unidas
no ponto onde acaba o retrato
Adereços que daqui a pouco
digamos, seis semanas
se vão desvanecer
deixando alguma espuma
jmts
Bert Stern
quinta-feira, 11 de setembro de 2014
das palavras dos outros
rosa maria martelo / in Matéria, Averno, 2014
CORTES
Sobre
a mesa iluminada pela luz da tarde, uma jarra de flores expõe a beleza
cortada, agonizante, assassinada pelo amor da beleza, que a trouxe para
dentro de casa, para morrer. Muito juntas, as flores sobrevivem ainda, e
encenam no pouco tempo que resta o mundo de onde vieram. Parecem vivas,
quase deixam esquecer que são o grande ramo da morte a emergir de um
frasco transparente. A contemplação da beleza: acredita na suspensão
absoluta do instante, mesmo se tudo em volta lhe diz que não é bem disso
que se trata. Repara, alguns ramos já começam a secar.
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