as súbitas permanências
ROMA, CEMITÉRIO PROTESTANTE
Ali fica o lugar dos estrangeiros
o inverso jardim anunciado
pelo sopro dos ciprestes, o baque repetido
das folhas dispostas sobre o musgo
Recolhe-se um murmúrio, o nome
do poeta escrito para sempre pela água
Eis a selva delicada, violetas
lírios violentos, um império dos gatos
Retomam o salto primitivo, soltam uma vida
por entre a tepidez terrífica das asas
Como se afundam donzelas em relvados
todo o tempo para as tranças de pedra
as mãos em abandono sobre os seios
pomos lentamente congelados
Chegaram pelo claro vapor da manhã
vaguearam as tardes estiradas pelas praças
pressentem nocturno o suspiro das fontes
o cerco de colunas derrubadas
sabiamente dispersas pelas colinas
e ali alcançam uma vida atrás da outra
as cúpulas mais distantes da cidade
J.M.T.S. in As Súbitas Permanências, Quasi Edições, 2001 (aqui)
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