joão miguel fernandes jorge / in Pelo Fim da Tarde, Quetzal Editores,1989
Era um dia, pelo fim da tarde
o sol descia sobre
o sentimento da vida.o sol descia sobre
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Ficaram, por mais tempo, os lábios
erradios do corpo. Ia
pelos algares das torrentes
junto de selvas bravias e escuras.
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A noite descia. Arco que
fere a tua carta.
P'los lábios, as sílabas repetidas.
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Guardem, também, silêncio as
flores do limoeiro, a laranjeira.
Não sou uma única voz
na manhã do dia que findara.
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Estendeu a mão sobre
a hora, alta noite. Sob
o repouso encostou o rosto.
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Nos lábios, um sorriso
revelava o arcano do seu coração.
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Havia de dizer o íris de maio,
o muro branqueado
a harmonia.
Josef Sudek