o lugar que muda o lugar
O exemplo dos bichos de prata
Recorrer com método à diversa
sabedoria de chegar-se ao mundo
maneiras de comer os frutos
Diz-se, muito de manhã é ouro
à tarde apenas prata, à noite
mata mesmo, literalmente
Esta prata, a dos preciosos bichos
sombrios na cidade dos livros
e eis aqui uma imagem
Difícil sabermos da metafórica
anatomia, carregá-la apenas
e um dia arrastará o nosso
corpo íntimo e exposto
Miméticas qualidades, devorar
os papéis propriamente ditos
fixar a transparência na lâmina
das páginas, rasgões, algum sangue
e os fósseis de grafite como
românticas flores esmagadas
Há-de vir, do desvão das estantes
o último apuro da expressão
ficar como pura pedra
esgarçar na nervura do ar
em vibrante iluminura final
tudo arder em graus fahrenheit
JMTS
em
O LUGAR QUE MUDA O LUGAR
[150 exemplares, 64 pp., 11€]
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