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Talvez o mundo não seja pequeno / Nem seja a vida um fato consumado . Chico Buarque de Hollanda, com Gilberto Gil








domingo, 16 de fevereiro de 2020



das palavras dos outros





vítor teves / in Lamarim, Fresca . Poetria, 2019


ACENDE

Aperta esta mão em sangue
dá-lhe pérolas e sossegado
leito terno amanhecer.
Corre com o vento frio
sobre a película do olho.
Escorre entre a natureza e a
morte. Acende a vela velha.

Sê a terra fresca que
recebe a pura água entanto
ao teu redor tudo cai no
desesperante e seco vazio.























COMO CORTAR UMA LARANJA?

A vida exige desenvoltura
ter mãos sobre a mesa
olhos e pele à mercê da admiração
O ponto e a vírgula na exata pausa
mas nunca a Pausa Absoluta na
linha interrupta da grande planície

Sonhos perdas risos e medos
núcleo sem arestas ou espinhas
onde a minha mão estende sempre
para a tua mão

Quando pensares no intervalo frio duro
ferve o desejo da morte junto daqueles
que deseperadamente amas e a
Pausa nunca será possível























A 7ª ÁRVORE

                              a Urbano

Na fantasmagórica árvore,
os rebentos de ouro são
esses tiros entre o nosso olhar
e o intocável jardim.
A porta fechada, com
dobradiças de cartão
mostra-nos as queimaduras

das mãos dos que, em vão,
tentaram roubar os frutos,
nessas vinte e sete manhãs.





                                                                                                                  



fotografias: JMTS






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